quarta-feira, 8 de junho de 2011

Banco Central promove nova alta de 0,25 ponto na Selic




Karina Nappi


são Paulo - O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu elevar em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros - Selic - durante a reunião que terminou ontem A elevação já havia sido prevista pelos analistas consultados pelo DCI.

A tendência de alta se manteve, na mesma proporção da última elevação em abril (para 12%), e menor que os aumentos dos meses de janeiro (de 10,75% para 11,25%) e março (para 11,75%).

"Dando seguimento ao processo de ajuste gradual das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 12,25% a.a., sem viés. Considerando o balanço de riscos para a inflação, o ritmo ainda incerto de moderação da atividade doméstica, bem como a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a implementação de ajustes das condições monetárias por um período suficientemente prolongado continua sendo a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta em 2012", aponta nota do Banco Central.

"O comunicado é quase igual ao da reunião anterior, sendo que a principal diferença foi a adição da palavra "gradual" como qualificação do ajuste das condições monetárias. Dá a entender que há mais altas por vir, ou seja, esta não foi a última elevação deste ciclo. Mais informações a respeito da avaliação corrente do cenário econômico pelo Banco Central serão conhecidas na ata desta reunião, na quinta-feira da próxima semana; por ora, mantemos nossa expectativa de mais três elevações da taxa Selic, levando-a a encerrar o ano em 13% a.a.", frisa a Rosemberg Consultores.

Na opinião do professor de Macroeconomia da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Rogério Mori mesmo com o anúncio nesta semana de queda de 0,30 ponto percentual na inflação em maio, "a inflação ainda segue pressionada, embora exista perspectiva de algum alívio no curto prazo". Para ele, os sinais ainda apontam para um Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) superior a 6% neste ano, além de a atividade econômica continuar aquecida, embora em menor ritmo.

Mori disse que alguns sinais de acomodação da atividade econômica começam a surgir, em decorrência do aperto na política monetária iniciado no fim do ano passado. Apesar disso, o professor acha que o BC deve continuar o processo de elevações graduais da Selic até que a inflação dê mostras consistentes de convergência para o centro da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,5% ao ano.

Para José Góes, analista econômico da WinTrade, o governo deve continuar combatendo a inflação e subindo os juros, mas em um ritmo mais lento. "O BC deve elevar a Selic em mais 0,25 ponto percentual nas próximas duas reuniões do Copom, marcadas para julho e agosto, chegando a 12,75% a.a."

O aumento na Selic foi muito mal recebido pelos setores produtivos. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, criticou duramente a medida.

"Depois de cinco semanas de queda consecutiva na expectativa de inflação, da queda de 3,8% na produção da indústria paulista e de 2,1% da brasileira de abril ante março, eu gostaria de saber por que os juros ainda subiram. Para prejudicar ainda mais as contas públicas, comprometendo com serviços da dívida um valor equivalente a três vezes o orçamento da saúde? Para atrair ao Brasil ainda mais capital especulativo estrangeiro, sobrevalorizar o real e roubar a competitividade do produto brasileiro? Para esfriar ainda mais a economia, que já dá sinais claros de desaceleração? Tenho certeza que a sociedade brasileira também não compreendeu as razões desse aumento inadequado e inoportuno, que prejudica todo o País", afirmou. 

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomércio) acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se equivocou mais uma vez ao aumentar a taxa de juros. A ação do BC pode ser considerada uma ação exageradamente conservadora.

"Isso é preocupante, pois não percebemos esforços para aumentar a eficiência da máquina pública, nem ao menos reduzir seus gastos", afirma Abram Szajman, presidente da Fecomércio.

"O novo aumento da taxa básica de juros é incompatível com o cenário atual e prospectivo. Diversos indicadores recentes já evidenciam arrefecimento da economia e redução das pressões inflacionárias. Além disso, dados os efeitos defasados da política monetária, as expectativas para o crescimento econômico em 2011 estão baixando rapidamente. Nesse sentido, cabe recordar que esta é a segunda fase de um ciclo de aperto monetário iniciado em abril de 2010, e cujos efeitos sobre o nível de atividade se farão sentir apenas nos próximos meses", declara o Sistema Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 19 e 20 de julho. A ata da reunião será divulgada pelo BC na quinta-feira da próxima semana, dia 16.

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